Texto de Tanira Graeff
Ah, o ego! Nunca devemos deixar que ele nos torne incapazes de aceitar conselhos construtivos sobre nós mesmos, inclusive sobre nosso próprio baile. Não tem coisa mais linda do que realmente se abrir e estar disposta a receber e responder o convite que a pessoa com quem dançamos nos faz. Culpar o outro por um mau baile é deixar de se divertir, de conhecer, de estar junto. O sentimento de superioridade só faz tirar a oportunidade para melhorar. Sempre se aprende, com uma criança, com uma situação, com um principiante.
Pensar que está demasiado avançado para uma aula básica ou que se é tão competente a ponto de achar que não te servirá de nada uma aula de técnica é uma presunção que bloqueia, que atrasa. Eu adoro treinar a caminhada e isso é a essência do tango em si. Assim, eu desenvolvo cada vez mais meu deslocamento na pista, elegância e equilíbrio. A crítica ao outro só deixa lento nosso próprio desenvolvimento.
Se a pessoa com quem bailamos não sabe, se movimente com delicadeza, como possa, para compensar e entrar em harmonia, e lembre que o erro também é lindo! Se o outro vai muito rápido na aula, ative-se para segui-lo. Enfocando nossa própria aprendizagem, podemos ver nossas próprias carências no baile.
Busque sempre uma informação honesta sobre seu progresso. É ótimo escutar todos os “como tu dança bem” e difícil escutar um “mas”. Os neófitos não são inferiores. Cada pessoa tem diferentes habilidades. Compartilhamos a aula e a pista com físicos, geneticistas, matemáticos, psicólogos, atletas de elite, violonistas, uma gama grande de pessoas, com grandes qualidades e vivências diferentes e encantadoras. Não seria agradável se, em seu métier, eles considerassem os outros assim.
Todos temos múltiplas facetas. Eu também sou principiante em várias coisa que faço, inclusive no tango, onde tenho muito a desenvolver. Coração estreito nos faz deixar de viver. A palavra chave é empatia, se identificar com outra pessoa, sentir o que ela sente, ver seu ponto de vista e se colocar no lugar dela. Isso vale para tudo.
Eu sou a Tanira Graeff. Amo o Tango profundamente com toda a alma. A vontade de aprender vem desde a infância, quando meu avô cantava para mim “ el día en que me quieras” e dizia que era a música mais linda do mundo, embora não fosse tango. Iniciei minhas aulas de tango há mais de 12 anos e sigo aprendendo, sempre em busca de melhorar. Todos meus maestros são grandes profissionais. Minha formação foi e é feita com aulas privadas e grupais com Jorge Daniel Dispari e María del Carmen Romero; Nito e Elba, Oscar Héctor Malagrino, Samantha Dispari e Santiago Fina, Sabrina e Ruben Veliz, Ernesto Balmaceda e Stella Baez. Atualmente, dou aulas de tango argentino na Lopo Gonçalves, 241, às terças-feiras, das 20h às 21h e no Foro Central II, todas as quartas-feiras, das 18h10 às 19h10, num projeto gratuito desenvolvido por mim com o apoio da Direção do Foro, para qualquer servidor e acompanhante.
Tenho vários sonhos. Por várias vezes, trouxe os Disparis para compartilhar com os outros sua imensa sabedoria e experiência. Quem sabe um dia consiga repetir esse desafio, com o apoio de muito mais pessoas e sem tantas dificuldades.
Tango 30 